Através das máscaras.
Então você se pega querendo ir a outros lugares, com outras
pessoas. Aquilo que te fazia bem hoje não te ajuda em nada, você muda seus
planos e percebe quem são os amigos de verdade. Vai mudando assim, aos poucos
e, depois de certo tempo, percebe que tudo mudou. Mas depois de mais um tempo
você percebe que nada mudou, só você. Você olha ao redor e tudo está em seu
devido lugar, mas você aprende a enxergar através das coisas. Você começa a ver
maldade nos olhos das pessoas, começa a enxergar o ódio gratuito que é
distribuído pelas ruas da cidade. Começa a ver quem é quem. Agora você enxerga
através das máscaras, vê quem está sofrendo e quem está mentindo. Começa a
ficar mais fria, mais quieta. E uma hora você começa a ficar triste, porque o
mundo não é como você imaginou. E, não, você não tinha imaginado ele como um
paraíso, mas é pior do que você imaginava. Aí você começa a andar por ruas
escuras e ninguém te acompanha. Onde estão aqueles que você costumava chamar de
amigos? A maioria está ocupada demais para te dar atenção. Você ri da ironia da
vida, percebe que não viveu nada ainda e já tem muitas histórias pra contar.
Vai esquecendo de quem você era e começa a dar mais atenção pra quem você é.
Percebe que não consegue mais fazer as mesmas coisas de antes, pois você
esqueceu completamente. Então você se questiona se ainda é bom nas mesmas
coisas de antes, e percebe que não. Aí você descobre que está começando de
novo, do início. Se quiser ser bom em algo, terá que começar do zero. Pois
agora você não é bom em nada, é só uma ameba no planeta Terra. Isso seria o
bastante para derrubar muita gente, mas não você. Você acredita que tudo ficará
bem novamente, pois essa nova pessoa é mais forte que a anterior. Você para de
confiar nas outras pessoas e começa a confiar em si mesmo. Você começa a
conhecer as pessoas pela essência delas, mas finge que ainda acredita nas
velhas máscaras. A cada dia você fica mais forte e enxerga mais coisas. É, você
está começando a viver de verdade. E sozinha.
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