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26 de fevereiro de 2011


"Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens."

Ela já estava cansada daquela voz irritante, ela só queria ouvir a voz dele atendendo e dizendo que estava tudo bem, que ela não precisava se preocupar. Ele a amava, mas naquele dia não agiu como age de costume. Ela o amava, mas naquele dia não agiu como age de costume. Depois de ter dito tanta coisa, ela só queria pedir perdão a ele, mas ele não atendia o telefone de forma alguma. Ela pensou que ele simplesmente não estava querendo falar com ela e resolveu deixar todas as suas chamadas cairem na caixa postal, então prometeu pra si mesma que não ligaria por mais duas horas, era tempo suficiente para ele esfriar a cabeça. Ela pensou, pensou, pensou... Foram as duas horas e quatorze minutos mais longos de sua vida. Ela respirou fundo e com um pouco de medo pegou o telefone e discou o número dele, mas ela não apertou o botão para iniciar a chamada. Ficou ali, observando o número dele no visor de seu celular durante quase dois minutos. Foi aí que o celular tocou. No visor, o nome dele apareceu. Seu coração acelerou, ela queria atender falando que estava com medo de ele não ligar, dizendo que ela o ama e pedindo desculpas mas tudo o que conseguiu sair de sua boca foi um simples "alô?". Ele disse que precisava falar com ela, e mostrar algo para ela. Pediu que o encontrasse no parque o mais rápido possível. Ela pegou o casaco de sua mãe, sem perceber que não era o dela, e foi até o parque o mais rápido que pode. Ele estavalá, e ela sorriu. Ele sorriu de volta no momento em que a viu. Ele estava sentado em um dos bancos de lado, seu casaco de capuz estava fechado até em cima, ela achou estranho.
- Ah meu amor, me perdoe, eu não queria dizer tudo aquilo, eu só...
- Shiu. - ele riu para ela - Isso não é hora, eu preciso... te mostrar algo. É muito importante.
Ela achou estranho o fato de ele não virar o rosto, e de não tirar o capuz.
- O que foi?
- É que... Quando eu sai de sua casa, sabe, eu tava bem nervoso, não contigo, mas comigo por ter dito tudo aquilo... Primeiramente eu gostaria de pedir perdão.
- Está perdoado. - ela sorriu - Mas me diga, o que é tão importante?
- Eu estava nervoso, e eu queria chegar logo em casa. Foi aí que eu tropecei, e depois eu acordei no hospital.
Ela ficou tensa ao ouvir a palavra hospital. Porque ele iria acordar num hospital?
- Oh meu Deus, o que houve? Você está bem? Me diga, o que aconteceu?
- Acalme-se, eu estou aqui não estou? Então não foi nada demais. - ele deu um risinho fraco - Bom... eu não queria te mostrar isso, sabe, é horrível, mas não tem como esconder.
- Isso o que? Não me deixe tensa, me diz logo, o que houve? Você está bem?
- Calma, não é nada. Ou talvez seja. Mas não é muito grave... Os médicos disseram que não foi nada.
- Para com isso e me diga logo, o que houve?
- Eu tropecei e bati com o rosto no meio fio. Eu desmaiei na hora, e uma moça me levou até o hospital. Eu tive que levar pontos, meu rosto está horrível, mas é engraçado porque é só de um lado. Eu não queria que você me visse assim, está horrível mesmo.
- Me deixe ver.
Ele tirou o capuz e virou o rosto para ela, olhando no fundo dos olhos dela.
- Você continua lindo. - ela disse sem ao menos perceber que tinha dito.
- Pare de mentir. - ele riu.
Ele tinha um corte do inicio da bochecha até o queixo, com pontos. Ela não achava feio, mas ficou preocupada.
- Dói?
- Não muito, os médicos anestesiaram. Talvez passe a doer depois, mas agora eu não sinto.
Ela passou a mão no corte, e depois deu um sorrisinho.
- Você continua lindo, e eu sempre vou te amar, não importa como esteja seu rosto ou qualquer outra coisa, contanto que você não mude por dentro eu te amarei, para sempre.

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